A The Ocean Race 2023 traz nessa edição um programa científico abrangente em prol dos oceanos. As cinco equipes participantes na classe IMOCA têm a bordo equipamentos especializados para medir uma série de variáveis. Por exemplo: a poluição por plásticos e microplátiscos e indicações de mudanças climáticas, que são as maiores ameaças para a saúde dos mares. Posteriormente, essas informações serão analisadas por cientistas de oito organizações de pesquisas para melhor compreensão dos impactos causados nos oceanos.
O projeto começou na corrida de 2017/2018, em parceria com a 11th Hour Racing, Premier Partner of The Ocean Race, Founding Partner of the Racing e com o programa de sustentabilidade Purpose. Porém, nesta edição, o programa científico vai capturar mais tipos de materiais, incluindo pela primeira vez, os níveis de oxigênio e microelementos na água.
Ao todo, as equipes navegarão por uma rota de 60 mil quilômetros e vão passar por algumas das partes mais remotas do planeta. Nesse trajeto, terão a oportunidade única de coletar dados raramente alcançados por embarcações científicas. Estudos recentes mostram como as temperaturas mais altas no oceano são responsáveis por eventos climáticos extremos, além de como os níveis do mar devem subir em um ritmo mais rápido do que o previsto.
“O programa de ciência da The Ocean Race é vital para a comunidade científica e também para apoiar a Década da Ciência Oceânica da ONU. Os dados coletados pelos barcos de partes remotas do mundo, onde as informações são escassas, são valiosos. Quanto mais dados tivermos, com mais precisão poderemos entender a capacidade do oceano de lidar com as mudanças climáticas e prever o que acontecerá com o clima no futuro”, ressalta Véronique Garçon, cientista sênior do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique).
Conheça os tipos de dados que serão coletados pelos participantes:
Indicadores de mudanças climáticas: Os barcos das equipes Team Malizia e 11th Hour Racing Team têm os “OceanPacks”. Uma espécie de bolsa que coleta amostras de água para medir os níveis de dióxido de carbono, oxigênio, salinidade e temperatura, fornecendo informações sobre o impacto das mudanças climáticas no oceano. Com essa tecnologia também é possível capturar, pela primeira vez, microelementos, como ferro, zinco, cobre e manganês. Esses elementos são vitais para o crescimento do plâncton, um organismo essencial porque é a primeira parte da cadeia alimentar e um dos maiores produtores de oxigênio do oceano.
Poluição por plástico: Os times GUYOT environnement – Team Europe e Holcim – PRB, coletam amostras regulares de água durante a corrida para testar a presença de microplásticos. Assim como na edição anterior, será medida a quantidade de microplásticos ao longo do percurso e, pela primeira vez, também serão analisadas amostras para determinar de que produto plástico provém os fragmentos (por exemplo, uma garrafa ou uma sacola plástica).
Dados meteorológicos: Todas as equipes utilizam sensores meteorológicos a bordo para medir a velocidade e a direção do vento, além da temperatura do ar. Algumas equipes têm instaladas bóias flutuantes no Oceano Antártico para capturar essas medições com maior constância juntamente com os dados de localização, que contribuem na compreensão das mudanças das correntes marítimas e climáticas. Os dados meteorológicos ajudarão a melhorar as previsões do tempo e são valiosos para prever eventos climáticos extremos, além de revelar informações sobre tendências climáticas de longo prazo.
Biodiversidade oceânica: A equipe Biotherm trabalha em parceria com a Tara Ocean Foundation em um projeto de pesquisa experimental para estudar a biodiversidade oceânica durante a corrida. A tecnologia se trata de um microscópio automatizado, que registra imagens do fitoplâncton marinho na superfície do oceano. Esses dados serão analisados para fornecer informações sobre a diversidade do organismo no oceano, juntamente com a biodiversidade, as cadeias alimentares e o ciclo do carbono.
Metodologia
Os resultados das pesquisas realizadas durante a corrida serão compartilhados com os parceiros científicos da The Ocean Race, organizações ao redor do mundo que estão examinando o impacto da atividade humana no oceano. Essas informações também serão disponibilizadas a bancos de dados como o Surface Ocean Carbon Dioxide Atlas, que fornece material para o Orçamento Global de Carbono, uma avaliação anual do dióxido de carbono que informa metas e previsões para a redução de carbono.
Além das análises que serão realizadas posteriormente, nesta edição, os dados são entregues aos parceiros científicos de forma mais rápida, porque são transmitidos via satélite e chegam aos seguintes locais: Organização Meteorológica Mundial, Centro Nacional de Oceanografia, Sociedade Max Planck, Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e Administração Oceânica e Atmosférica Nacional.
O programa de ciência da The Ocean Race é apoiado pela 11th Hour Racing, Time to Act Partner Ulysse Nardin e Official Plastic-Free Ocean Partner Archwey.